O ser humano sempre quis satisfazer sua curiosidade quanto aos acontecimentos futuros. No início as previsões se davam por transes mediúnicos, visões, leitura de entranhas de animais, voos de pássaros até que se começou a interpretar os sinais celestes e sua correlação com os fatos da vida mundana.

Neste texto, vamos conhecer a origem destas pesquisas que resultaram em grandes ensinamentos.
A Suméria, a mais antiga civilização conhecida, florescendo de 3 300 a 1 200 a.C., situada na região do sul da Mesopotâmia, no delta dos rios Tigre e Eufrates, foi uma das primeiras civilizações do mundo junto com o Egito Antigo e o Vale do Indo.

Ao longo dos vales dos rios Tigre e Eufrates, eles drenaram os pântanos para a agricultura, desenvolveram o comércio e estabeleceram manufaturas, incluindo a tecelagem, o trabalho em couro, a metalurgia, a alvenaria e a cerâmica.
Sabemos que o primeiro passo da Humanidade em direção à civilização é a passagem do ser humano da condição de caçador e coletor para a agricultura e pecuária, que permitiu que se agrupassem em vilas e cidades para a comercialização do excedente da produção.
Fazem parte as invenções dos Sumérios a criação do sistema de medidas de capacidade, de superfície e de pesos. Utilizavam a escrita cuneiforme e possuíam réguas graduadas. Criaram o sistema sexagesimal e dividiram os dias em 24 horas iguais: 12 Danna (horas duplas).
As coordenadas desta região são 32º Norte e 46° Leste, uma região temperada, que sofre os efeitos das estações do ano de uma forma acentuada. Como eram agricultores, precisavam calcular o melhor tempo do plantio e da colheita, para obter os melhores resultados possíveis para sua sobrevivência
Através de observações eles dividiram o período anual em 12 meses, com quatro datas importantes, os solstícios e os equinócios. Então dividiram o céu em 12 regiões de 30 graus cada uma, sendo que cada região tinha uma constelação principal que depois viriam a se constituir nos signos do Zodíaco.

Com isto estabeleceram um ritmo anual onde se alternavam as estações, passando pelo frescor da Primavera, atingindo o auge da insolação no Verão, retrocedendo para a amenidade do Outono e terminando nos rigores do Inverno.
Desta forma, vemos a importância desta divisão em 12 partes atrelada aos dois principais movimentos do planeta Terra: o de Rotação em torno do próprio eixo com dois ciclos de 12 horas e o de Translação em torno do Sol com doze meses de aproximadamente 30 dias.
As pesquisas arqueológicas na antiga Mesopotâmia trazem inúmeros registros em escrita cuneiforme comprovada pela descoberta do Almanaque Babilônico de 1300 a.C. em Hattusa, a capital do Império Hitita.

Este Almanaque dividia o ano em doze meses de trinta dias e para cada dia do ano colocava observações como “apropriado”, “não apropriado” e “parcialmente apropriado” como dicas concretas de natureza prática.
Primeiramente os presságios se deram pela observação de fenômenos celestes e seu reflexo nos acontecimentos mundanos, muito mais pela intuição do astrólogo do que por algum conhecimento adquirido. Com o passar do tempo começou a se observar um determinado padrão entre as posições celestes e as ocorrências terrestres.
“Os sinais do Céu nos dão tantas indicações como aqueles aqui da Terra. O Céu e a Terra produzem presságios de igual modo. Embora surjam separadamente, não são independentes um do outro, o Céu e a Terra estão ligados. Um sinal no Céu é ruim na Terra e um mau sinal na Terra é ruim no Céu.” (1)
Aqui temos os primórdios do que hoje chamamos de Astrologia, ou seja, a possibilidade de se fazer uma analogia entre a posição dos astros e o que ocorre aqui neste planeta.
No século XIX foi descoberta em Nínive, a capital do Império Assírio, a biblioteca de Assurbanipal, datada do século VII a.C. com uma coleção de tabuletas de argila em escrita cuneiforme, considerada a primeira obra da História da Astrologia, conhecida pelas suas palavras iniciais “Enuma Anu Enlil”.
A mais famosa é a tabuleta de Vênus de Ammisaduqa, que contém uma lista de observações astronômicas com as declinações de Vênus em um período de 21 anos durante o reinado de Ammisaduqa no século XVII a.C.

Milhares de presságios foram ali inscritos e alertam quais os acontecimentos terrestres eram esperados pelo posicionamento dos astros. Isto foi sistematizado pelos sábios assírios por volta do ano 1000 a.C. produzindo este instrumental que correlacionava posições celestes e fatos terrestres.
Em termos de previsão, este método não era suficiente, porque não permitia saber de antemão o que iria acontecer. Começa-se então a se aprimorar os sistemas de cálculo das posições dos astros e aparecem os primeiros astrolábios.
Surge então o que ficou conhecido como Mul.Apin, um catálogo que continha as estrelas fixas em uma faixa de 30° acima e abaixo do caminho que o Sol traçava no céu, anotações sobre a movimentação dos planetas e da Lua, tornando-se um vasto compendio do conhecimento da astronomia.
A dificuldade era saber a exata localização do planeta, pois eles se baseavam nas constelações da faixa celeste por onde os astros errantes se deslocavam. Com a divisão desta faixa em doze segmentos iguais ficava mais fácil posicionar um determinado astro no céu, sendo que o primeiro segmento tinha início no ponto vernal de Aries, o Equinócio da Primavera.
Em uma tabuleta do Mul.Apin são citadas as doze constelações com os nomes babilônicos do que se tornariam os signos zodiacais. Depois denominaram-se os setores da faixa celeste com os nomes destas constelações e posteriormente ela foi denominada como Zodíaco, que poderia ser traduzido como “O caminho da Vida”.
A divisão em doze setores e a marcação do início das quatro estações do ano demonstra que no século VIII a.C. os babilônicos já conheciam a inclinação da eclíptica e consequentemente os pontos vernais – solstícios e equinócios.
Os astrólogos da época tinham que ter um grande período de preparação, pois necessitavam de aprender cálculos sobre o posicionamento dos astros, além de estudar todo o material que continha as relações entre o que acontece no céu e sua consequência na Terra.
A partir do século VI a.C. houve um grande avanço: o conhecimento do cálculo astronômico com previsões dos movimentos dos astros associada a um material de observação empírica milenar, levou a uma formulação de leis de sincronicidade que possibilitavam ao astrólogo antever os acontecimentos.

Durante o reinado de Cambises, filho de Ciro, o Grande que reinou de 529 a 522 a.C, foram encontradas tabuletas de argila que esclarecem os nomes do Zodíaco, a saber: (2)
Áries: os antigos povos pastores, criadores de gado de pequeno porte, observam uma correspondência entre a volta da primavera, a transformação da Terra e a proliferação dos rebanhos.
Touro: este signo seria proveniente dos criadores de gado de grande porte da Ásia Menor. Certamente muito antigo, estaria ligado ao culto solar introduzido pelos sumérios vindos do Leste.
Gêmeos: Um dragão bicéfalo, para os semitas do Norte, transformava-se em dois homens, não se sabe sob que influência.
Câncer: inicialmente eram as cabeças aproximadas de um dragão macho com cabeça de abutre e de uma fêmea com cabeça de leão; tornou-se posteriormente a imagem de um lagostim ou de um caranguejo.
Leão: em antigos relevos da Babilônia, o Leão assumia frequentemente a forma de demônio. Tornou-se Leão na qualidade de animal real, símbolo dos soberanos reinantes na Mesopotâmia, havendo assimilado, talvez, a potência real, como a do Sol, no zênite de sua força.
Virgem: vê-se nesse signo um vestígio do conceito matriarcal que por muito tempo dominou o mundo mediterrâneo pré-indo-europeu, da Espanha ao Eufrates. A deusa da fecundidade era expressa numa Virgem, que as mulheres da Babilônia cultuavam sob o nome de Ishtar.
Libra: Corresponderia ao “guardião da Balança” representando o mercador das primeiras grandes cidades da Mesopotâmia.
Escorpião: o animal foi muito temido na Babilônia, pois os anais citam mortes de reis provocadas por sua picada. Nos vales da Acádia era Girtab, aquele que morde.
Sagitário: os babilônios o representavam como um signo híbrido, possuindo uma certa majestade. Os gregos fariam dele um centauro.
Capricórnio: tratava-se de um ser duplo, espécie de terrível peixe-cabra.
Aquário: na Babilônia, era representado sob a forma de um homem ajoelhado, vertendo a chuva de uma urna. Mais tarde, será o portador de ânfora que trazia as inundações.
Peixes: relaciona-se com os pescadores do Eufrates e do Tigre, que teriam observado correspondências entre essa constelação no céu e a época da desova nos rios.
Durante o governo de Seleuco, um dos generais de Alexandre o Grande, a partir de 312 a.C. a competência astronômica havia atingido um nível considerado, inclusive com a elaboração de “efemérides”, os cálculos de posicionamento do Sol, a Lua e os planetas, mostrando não só a trajetória regular dos astros, mas também lunações, eclipses e conjunções.
Também foram encontrados na Babilônia os Horóscopos, no seu sentido etimológico que significa “observação da hora”, sendo que o mais antigo data do ano 410 a.C., que eram diferentes daqueles da antiga Mesopotâmia eram apenas presságios do momento do nascimento.

Posteriormente Claudio Ptolomeu (90-168 d.C.) reuniu parte deste antigo conhecimento em sua obra Tetrabiblos, um conjunto de quatro livros, onde ele apresenta a Astronomia como a ciência que trata dos movimentos dos corpos celestes e a Astrologia como a ciência que trata das mudanças que os movimentos dos corpos celestes provocam nas coisas terrenas.
Aqui lembramos do Princípio Hermético da Correspondência, relatado no Caibalion:
“O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima.”
Este Princípio contém a verdade que existe uma correspondência entre as Leis Universais e os fenômenos dos diversos planos da Existência e da Vida, quais sejam, o material, mental e espiritual. O seu uso constante rasgava aos poucos o véu de Isis e um vislumbre da face da deusa podia ser percebido. (3)
Citações:
(1) A Babylonian Diviner’s Manual, Adolf Leo Oppenheim, Journal of Near Eastern Studies, 1974
(2) A Astrologia, Suzel Fuzeau-Brasesch, editora Jorge Zahar, 1990
(3) O Caibalion, Três Iniciados, tradução de Rosabis Camaysar, Editora Pensamento, 1997
Uma resposta
Muito bom e esclarecedor .
Os Sumérios pirariam com o clima atual da Terra , devido ao aquecimento e poluição que o homem causou no planeta .