Figura dos corpos celestes, Bartolomeuv Velho, 1568

12 de abril de 2025

Ptolomeu e o Sistema Geocêntrico

Durante o curso de suas conquistas, Alexandre o Grande fundou mais de vinte cidades com seu nome. A primeira e a maior foi a própria Alexandria do Egito, que se tornou uma das grandes cidades do Mediterrâneo.

Alexander the Great, Battle of Issus mosaic, Museo Archeologico Nazionale, Naples

Após a morte de Alexandre, um de seus generais, Ptolomeu I Sóter se tornou sátrapa do Egito de 323 a.C. a 283 a.C., fundando a Dinastia Ptolemaica.

Ptolemy I Soter, Louvre

Ele construiu um grande edifício em mármore chamado Museu, onde havia uma grande biblioteca que reunia todo o saber da época. Seu sucessor Ptolomeu II Filadelfo foi o maior promotor da Escola de Alexandria, que durou vários séculos (do final do século IV a.C. até o VII d.C.).

Cleópatra VII Filópator (69-30 a.C.) foi a última da linhagem dos Ptolomeus que governou o Egito, tendo sido empossada por Julius Cesar em 47 a.C.

The death of Cleopatra, Reginald Arthur, 1896

Cleópatra cometeu suicídio após ela e Marco Antonio terem sido derrotados por Otavio Augusto em 30 a.C., dando início a dominação romana do Egito.

Cláudio Ptolomeu (90-168 d.C.) nasceu em Ptolemaida Hermia, no Egito. Sabe-se que viveu e trabalhou em Alexandria entre os anos 120 e 145 e deixou uma obra composta de 13 livros.

Ptolemy with an armillary sphere model, by Joos van Ghent and Pedro Berruguete, 1476

Sua principal obra se tornou conhecida como o “Almagesto” (O grande tratado), sintetiza os trabalhos dos astrônomos gregos da antiguidade e é a principal fonte de conhecimento a respeito da obra de Hiparco de Niceia (190-120 a.C.), considerado o maior astrônomo da antiga Grécia.

O Almagesto explica também a construção do astrolábio, instrumento inventado por Ptolomeu para calcular a altura de um corpo celeste acima da linha do horizonte. A parte final é dedicada aos planetas, a contribuição mais original do autor à astronomia.

Almagesto

Apesar da destruição da Biblioteca de Alexandria, o Almagesto foi preservado, assim como outros textos da Grécia antiga, por meio de manuscritos arábicos, sendo que Gerardo de Cremona (1114–1187) traduziu para o latim uma cópia deixada pelos árabes em Toledo, na Espanha.

Entre 151-157 de nossa Era Cristã, Ptolomeu sistematizou o modelo planetário geocêntrico.

Sistema Geocêntrico de Ptolomeu, Andreas Cellarius, 1660

Essa sistematização foi apresentada por ele em seu célebre “Hè Mathèmatikè Syntaxis” (A Compilação Matemática), para poder explicar o movimento dos planetas, lançando mão de epiciclos e deferentes.

Segundo o modelo ptolomaico, cada planeta gira em órbita circular em torno de um ponto imaginário denominada epiciclo e este revolve ao redor da Terra em órbita também circular, o deferente. Neste modelo, a Terra está imóvel no centro do Universo e os outros corpos celestes, planetas ou astros errantes, giram ao seu redor.

A Greek edition of the Almagest, 1549

Os sete planetas na ordem de distância à Terra, eram: a Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Ao fundo, havia o céu das estrelas fixas no qual se destacava o Zodíaco, o caminho por onde transitavam os astros errantes.

No trabalho de Ptolomeu, fazendo referência ao trabalho de Hiparco, aparecem as 48 constelações que ficaram conhecidas como as Constelações Clássicas.

Hiparco de Nicea

Todas elas, menos uma, ainda são parte da lista atual de constelações oficiais da União Astronômica Internacional.

Esse sistema se mostrou muito favorável a teologia da Igreja Católica e por isso mesmo sobreviveu praticamente intacto por treze séculos, até ser questionado e rejeitado pelo padre e astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1453-1543).

Copérnico escreveu o famoso livro “De Revolutionibus Orbium Coelestium” (Das Revoluções dos Corpos Celestes), publicado em 1543, no qual consolidou o modelo heliocêntrico para o nosso sistema planetário, cuja primeira formulação fora apresentada pelo astrônomo grego Aristarco de Samos (320-250 a.C.).

Aristarchus de Samos

Imagem de capa: Figura dos corpos celestes, Bartolomeu Velho, 1568

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