Outro deus com grande expressão é Dioniso, filho de Zeus e da princesa Semele, esta por sua vez filha de Cadmo e de Harmonia. É o deus dos ciclos vitais, das festas, do vinho, do teatro, dos ritos religiosos mas, sobretudo, do êxtase, que funde o degustador com a divindade.

Zeus se relacionava com Semele disfarçado em um mortal e a engravidou. Depois prometeu-lhe que ela poderia pedir o que quisesse. Hera, ao saber do caso, esteve com Semele disfarçada de uma velhinha e insinuou que ela pedisse para Zeus se mostrar em sua forma real, que era diferente de como ele vinha vê-la.
Sem poder recusar, Zeus aparece sob a forma de raios e trovões, e Semele morre fulminada. Com a ajuda de Hermes, Zeus retirou do fogo a criança no sexto mês de gestação e coseu-o na sua coxa. No momento oportuno, Zeus desfez os pontos de costura e trouxe à luz Dioniso, que ficou conhecido como “o que nasceu duas vezes”.

Confiou-o a Hermes, e este deixou-o com Ino, irmã de Semele, casada com Athamas, que o criou. Quando Hera soube da localização de Dioniso, fez o casal enlouquecer, levando-os a matar a si mesmos e os próprios filhos. Depois disto, Zeus entregou-o para as ninfas que viviam em Nisa, na Ásia, aos cuidados de Ninfas, Sátiros, Menades e Sileno, um velho calvo com chifres.

Sileno foi responsável pela sua educação, devido possuir grande sabedoria. Nesta região havia numerosas videiras, e certa vez, ainda adolescente, Dioniso colheu alguns cachos espremeu algumas frutas num cálice que depois transformaram-se no vinho.

Dioniso tinha feições efeminadas e gestos suaves, e o vinho era sua grande arma, capaz de fazer os homens esquecerem seus problemas, encherem-se de coragem e sentirem-se em igual condição aos deuses.
Hera o descobriu ainda jovem e o enlouqueceu. Dioniso passou a perambular pelo mundo, com seu séquito de Menades, mulheres selvagens. Estas, quando possuídas por delírios, celebravam as orgias com gritos e danças desconcertantes, até caírem por terra desfalecidas, quando, em estado de êxtase, acreditavam sair do corpo.

Quando passou pela Frígia, a deusa Cibele o curou e o instruiu em seus ritos religiosos. Esteve na Índia, Egito e Palestina ensinando a arte da viticultura, voltando depois a Grécia.
Acabou chegando a Tebas, terra natal de sua mãe. Foi preso a mando do rei Penteu, assim como seu cortejo, pela sua aparência desleixada. Dioniso fez o rei ficar louco a ponto de pensar que tinha algemado um touro ao invés do filho de Zeus. As Menades se libertaram e num acesso de loucura, esquartejaram Penteu.

Prosseguindo em suas andanças, chegou à ilha de Naxos. Lá encontrou Ariadne, que fora abandonada por seu amante Teseu, a quem ela ajudou a escapar do labirinto do Minotauro. Ela caminhava sozinha pelas praias da ilha quando sua vida de repente se transformou por causa de um amor à primeira vista.
Dioniso vinha em sua carruagem puxada por leopardos, com seu séquito de menades e faunos, mas quando os dois trocaram olhares imediatamente se apaixonaram, depois se casaram e foram felizes nesta união.

Notamos tratar-se de um deus que embora extremamente perseguido, procura fazer com que os homens deixem a rotina cotidiana, penetrando em novas dimensões através de festas, rituais e do uso do vinho.
Por causa disto, os deuses se interessaram em sua vinda ao Olimpo. Ele ocupou o lugar de Hestia, que preferiu se dedicar aos rituais do fogo sagrado do Olimpo, que era cultuado também em todos os lares das famílias gregas, do que se dedicar a resolver os problemas da corte. Dioniso foi o primeiro deus filho de uma mortal a ser admitido no Olimpo.
Os romanos o chamaram de Baco e dedicavam festas a ele na época da colheita das uvas, festas estas que eram chamadas de Bachanalias, de onde derivou o Carnaval, a festa da carne.

Imagem de capa: The Triumph of Bacchus and Ariadne, Annibale Carracci, Farnese Gallery, Rome, 1597