The Triumph of Bacchus and Ariadne, Annibale Carracci, Farnese Gallery, Rome, 1597xy

15 de março de 2025

Dioniso

Outro deus com grande expressão é Dioniso, filho de Zeus e da princesa Semele, esta por sua vez filha de Cadmo e de Harmonia. É o deus dos ciclos vitais, das festas, do vinho, do teatro, dos ritos religiosos mas, sobretudo, do êxtase, que funde o degustador com a divindade.

Bachus, Annibale Carracci, 1590

Zeus se relacionava com Semele disfarçado em um mortal e a engravidou. Depois prometeu-lhe que ela poderia pedir o que quisesse. Hera, ao saber do caso, esteve com Semele disfarçada de uma velhinha e insinuou que ela pedisse para Zeus se mostrar em sua forma real, que era diferente de como ele vinha vê-la.

Sem poder recusar, Zeus aparece sob a forma de raios e trovões, e Semele morre fulminada. Com a ajuda de Hermes, Zeus retirou do fogo a criança no sexto mês de gestação e coseu-o na sua coxa. No momento oportuno, Zeus desfez os pontos de costura e trouxe à luz Dioniso, que ficou conhecido como “o que nasceu duas vezes”.

Jupiter and Semele, Luca Ferrari (1605-1654)

Confiou-o a Hermes, e este deixou-o com Ino, irmã de Semele, casada com Athamas, que o criou. Quando Hera soube da localização de Dioniso, fez o casal enlouquecer, levando-os a matar a si mesmos e os próprios filhos. Depois disto, Zeus entregou-o para as ninfas que viviam em Nisa, na Ásia, aos cuidados de Ninfas, Sátiros, Menades e Sileno, um velho calvo com chifres.

The Infant Bacchus Entrusted to the Nymphs of Nysa, Nicolas Poussin, 1657

Sileno foi responsável pela sua educação, devido possuir grande sabedoria. Nesta região havia numerosas videiras, e certa vez, ainda adolescente, Dioniso colheu alguns cachos espremeu algumas frutas num cálice que depois transformaram-se no vinho.

El triunfo de Sileno, Anton Van Dyck, 1617

Dioniso tinha feições efeminadas e gestos suaves, e o vinho era sua grande arma, capaz de fazer os homens esquecerem seus problemas, encherem-se de coragem e sentirem-se em igual condição aos deuses.

Hera o descobriu ainda jovem e o enlouqueceu. Dioniso passou a perambular pelo mundo, com seu séquito de Menades, mulheres selvagens. Estas, quando possuídas por delírios, celebravam as orgias com gritos e danças desconcertantes, até caírem por terra desfalecidas, quando, em estado de êxtase, acreditavam sair do corpo.

The triumphal procession of Bacchus, Maerten Van Heemskerck, 1536

Quando passou pela Frígia, a deusa Cibele o curou e o instruiu em seus ritos religiosos. Esteve na Índia, Egito e Palestina ensinando a arte da viticultura, voltando depois a Grécia.

Acabou chegando a Tebas, terra natal de sua mãe. Foi preso a mando do rei Penteu, assim como seu cortejo, pela sua aparência desleixada. Dioniso fez o rei ficar louco a ponto de pensar que tinha algemado um touro ao invés do filho de Zeus. As Menades se libertaram e num acesso de loucura, esquartejaram Penteu.

Bacantes atacando Penteu, Afresco de Pompeia

Prosseguindo em suas andanças, chegou à ilha de Naxos. Lá encontrou Ariadne, que fora abandonada por seu amante Teseu, a quem ela ajudou a escapar do labirinto do Minotauro. Ela caminhava sozinha pelas praias da ilha quando sua vida de repente se transformou por causa de um amor à primeira vista.

Dioniso vinha em sua carruagem puxada por leopardos, com seu séquito de menades e faunos, mas quando os dois trocaram olhares imediatamente se apaixonaram, depois se casaram e foram felizes nesta união.

Bacchus and Ariadne, Tiziano Vecellio, 1522

Notamos tratar-se de um deus que embora extremamente perseguido, procura fazer com que os homens deixem a rotina cotidiana, penetrando em novas dimensões através de festas, rituais e do uso do vinho.

Por causa disto, os deuses se interessaram em sua vinda ao Olimpo. Ele ocupou o lugar de Hestia, que preferiu se dedicar aos rituais do fogo sagrado do Olimpo, que era cultuado também em todos os lares das famílias gregas, do que se dedicar a resolver os problemas da corte. Dioniso foi o primeiro deus filho de uma mortal a ser admitido no Olimpo.

Os romanos o chamaram de Baco e dedicavam festas a ele na época da colheita das uvas, festas estas que eram chamadas de Bachanalias, de onde derivou o Carnaval, a festa da carne.

Bacchanalia, Auguste Léveque (1866-1921)

Imagem de capa: The Triumph of Bacchus and Ariadne, Annibale Carracci, Farnese Gallery, Rome, 1597

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