O Reino de Poseidon

11 de julho de 2025

O Reino de Poseidon

Após a vitória na Titanomaquia, Zeus fez a divisão de poder do mundo entre ele e seus irmãos Poseidon e Hades. Zeus fixou sua morada no Monte Olimpo, Hades obteve o domínio sobre o mundo subterrâneo e Poseidon reinou sobre os mares.

Na luta contra os Titãs, os Ciclopes presentearam Poseidon com um tridente capaz de provocar terremotos e maremotos, sendo temido e reverenciado por todos os que viajavam pelos mares.

Neptunus, Hendrick Goltzius, 1592

Divindades marinhas

Antes de Poseidon reger os mares tivemos outros deuses marinhos. Começamos com Pontos, que significa mar em grego, que é a primeira divindade surgindo como força primal das águas e é personificado como o mar primitivo. Nasceu de Gaia por partenogênese, e é irmão mais velho de Urano.

Pontos gerou sozinho a Nereu, o velho do mar, que vivia no fundo do mar e era capaz de assumir qualquer forma, que sabia de tudo o que acontecia e conhecia todos os segredos.  Depois da destituição de Urano, casou-se com Dóris, filha do titã Oceano, e teve cinquenta filhas, as Nereidas. Dentre as de maior destaque, temos: Thétis, mãe de Aquiles, Anfitrite, a mulher de Poseidon, Galateia e Orítia. 

Filho de Urano e de Gaia, o titã Oceano une-se a titânide Tetis e geraram primeiramente os rios. Depois geraram as três mil Oceânidas, entre as quais a já citada Doris, esposa de Nereu. Para os antigos Oceano era primitivamente um rio imenso que envolvia o mundo terrestre. 

Proteu é filho dos titãs Oceano e Tétis, foi reverenciado como profeta, tinha o dom da premonição e assim atraía o interesse de muitos que queriam saber as artimanhas do poderoso destino. Porém, ele não gostava de contar os acontecimentos vindouros; então, quando algum humano se aproxima, ele metamorfoseava-se, assumindo a aparência de criaturas marinhas monstruosas e assustadoras. Porém, se o homem era corajoso o bastante para passar por isso, ele lhe contava a verdade.

Der höllisch Proteus, Erasmus Finx, 1695

Anfitrite

Anfitrite era uma nereida, filha de Nereu e da ninfa Dóris. Poseidon notou sua beleza quando ela estava perto das praias da ilha de Naxos, em companhia das suas irmãs. Poseidon se aproximou, propondo-lhe casamento. Anfitrite a princípio, se recusou a unir-se ao deus e fugiu para o fundo do mar. Poseidon mandou que os delfins a procurassem. Após um ano, eles a encontraram e conseguiram trazê-la de volta, e ela concordou em se casar com ele.

Trionfo di Nettuno e Anfitrite, Paolo De Matteis (1662-1728)

Poseidon e Anfitrite tiveram um filho chamado Triton, que possuía cabeça e tronco humano e cauda de peixe, como se fosse a representação masculina de uma sereia.  Era um fiel servidor de seus pais, atuando como seu mensageiro e acalmando as águas do mar para que a carruagem de Poseidon deslizasse com segurança. Para tanto ele se utilizava de uma concha como instrumento musical, produzindo assim uma música apaziguadora.

Medusa

Medusa era filha de Fórcis e Ceto, uma das três Górgonas. Suas irmãs eram Esteno e Euríale. Medusa tinha uma rara beleza e era sacerdotisa do templo de Palas Atena, que exigia que suas seguidoras permanecessem virgens. Poseidon se encantou com sua beleza e sob a forma de um cavalo ele abusa de Medusa, no interior do templo.

Palas Athena fica extremamente irritada por causa desta profanação e faz com que os cabelos de Medusa se transformassem em serpentes. Além disto, quem dirigisse o olhar para ela seria imediatamente petrificado. Diversos guerreiros tentaram matá-la, mas falharam e se transformaram em estatuas.

O grande herói Perseu, filho de Zeus e Danae recebeu a missão de eliminar este monstro. Teve a ajuda de Palas Atena e Hermes que o amaram e deram um escudo polido para que ele não olhasse diretamente para a Górgona. Quando Perseu decepou sua cabeça, do sangue que jorrou nasceram o gigante Crisaor e o cavalo-alado Pégaso. 

The birth of Pegasus and Chrysaor from the blood of Medusa, Edward Burne Jones (1876-1885)

A disputa por Atenas

Palas Atena e Poseidon, seu tio, disputaram o protetorado de uma cidade importante, para isso estabeleceram um concurso: quem desse o melhor presente à cidade ganharia a disputa. Quem arbitrou a disputa foi o rei desta cidade chamado Cecrops, assistido também pelo panteão dos Deuses.

Poseidon bateu com seu tridente no chão e fez surgir um cavalo. Já Atena plantou uma Oliveira que produzia alimento, óleo e madeira, símbolo da Paz e da fecundidade. Cecrops deu a vitória a Palas Atena e assim a cidade levou seu nome, Atenas.

O Minotauro

Zeus disfarçou-se como um touro branco e levou Europa, de seu lar em Tiro para Creta e com ela teve três filhos, Minos, Radamanto e Sarpédon. Na disputa do trono com seus irmãos, Minos orou a Poseidon para que o ajudasse. O Senhor dos Mares aquiesceu e enviou um magnífico touro branco para ajudá-lo, com a condição que este animal fosse posteriormente sacrificado em sua homenagem.

Com esta ajuda, Minos subiu ao trono, mas ficou tão apaixonado pela beleza do animal sagrado que arriscou substitui-lo por outro de seu rebanho no sacrifício, supondo que o deus não notaria a diferença. Poseidon ficou indignado com a troca e pediu a Afrodite para fazer com que a esposa de Minos, Pasifae, filha do deus Helio, se apaixonasse pelo Touro.

Pasifae encantada, ordena a Dédalo, o arquiteto da corte, que construa uma vaca de madeira, onde ela poderia unir-se ao Touro. Dédalo executou o trabalho, Pasifae entrou na vaca e o Touro penetrou em Pasifae. Desta união nasceu o Minotauro, um monstro com corpo humano e cabeça de touro, que se alimentava de carne humana.

Pasifae enamorada pelo Touro, Osvna, ilustração contemporanea

Não podendo matá-lo por causa de sua origem divina, Minos, ordena a Dédalo que construa um labirinto onde pudesse esconder esta horrível criatura. Devido a sua ambição, Minos perde a esposa por quem era perdidamente apaixonado e a confiança e proteção dos Deuses. Pasifae fica trancada em um quarto e o Minotauro no Labirinto.

Egeu, Etra e Teseu

Egeu era o Rei de Atenas e casou-se com duas mulheres, Meta, filha de Hoples e Calcíope, filha de Rexenor, mas não teve filhos com nenhuma delas. Temendo perder o reino para seus irmãos Palas, Niso e Lico, Egeu foi até o Oráculo de Delfos e consultou a Pítia, que lhe disse para não desatar o odre até chegar a Atenas.

Na volta para Atenas, Egeu se hospedou em Trezena e contou o que o Oráculo lhe tinha dito ao rei Piteu, filho de Pélope.  Este, compreendendo a mensagem do oráculo, fez Egeu se embebedar e depois se deitar com sua filha Etra.

Esta, por sua vez, teve um sonho em que aparecia a deusa Palas Atena e dizia para ela ir até a praia lhe fazer uma oferenda. Chegando na praia, surge o deus Poseidon e a toma como mulher, engravidando-a.

Ao acordar de manhã, Egeu sem lembrar do que houvera acontecido, pediu a Etra que, se ela desse à luz um menino, só revelasse ao filho quem era seu pai quando ele tivesse forças para pegar a espada e as sandálias que ele escondera sob uma enorme pedra. Depois disso deveria ir em segredo até Atenas, portando a espada de seu pai e calçando suas sandálias.

Egeu teve de voltar a Atenas, para celebrar o festival Panateniense, onde Androgeu, filho de Minos, derrotou todos os competidores, mas foi morto por eles. Como punição a este fato, todo ano Atenas mandava sete rapazes e sete moças para alimentar o Minotauro.

Em Trezena nasceu um menino que recebeu o nome de Teseu, o qual cresceu vigoroso e forte. Aos dezesseis anos seu vigor físico era tão impressionante que Etra decidiu contar-lhe quem era seu pai e o que se esperava dele. Teseu ergueu então a enorme pedra antes movida por Egeu, recuperou a espada e as sandálias do pai e dirigiu-se a Atenas.

Theseus lifting the stone, Salvator Rosa (1615-1673)

Quando Teseu chegou em Atenas, o rei Egeu não sabia que ele era seu filho. Medeia estava instalada no palácio real depois de fugir de Corinto onde havia assassinado quatro pessoas, incluindo seus dois filhos. Feiticeira, ela sabia da identidade do herói, mas não contou a Egeu e sim insinuou que o forasteiro poderia ser uma ameaça.

Durante o jantar Medeia colocou veneno no vinho e ofereceu ao visitante ilustre. Teseu tirou a espada para estar mais confortável à mesa e Egeu a reconheceu. Então ele impediu que Teseu ingerisse o líquido e expulsou Medeia de seu reino. Desta vez ela voltou para a Cólquida, terra de seu pai Eetes.

Teseu, quando soube do tributo devido a Minos, fez questão de ser um dos jovens enviados a Creta, a fim de vencer o monstro e libertar Atenas. O rei Egeu concordou, mas preocupado com o retorno do filho, pediu-lhe um sinal, que se tudo corresse bem, o navio deveria voltar com velas brancas, mas caso contrário, as velas seriam negras. 

Quando chegou em Creta, Teseu conhece Ariadne, filha de Minos e Pasifae, que se apaixona pelo jovem. Temendo a sua morte, Ariadne dá a ele um novelo de fio para amarrar na porta e desenrolar para saber o caminho de saída do labirinto, assim, ele poderia voltar sem se perder.  Então Teseu mata o monstro e sai do labirinto são e salvo.

Após a morte do monstro há um terremoto que destrói o palácio real. Teseu convida Ariadne para ir com ele para o continente. Ela aceita, mas quando contempla toda aquela destruição, sente-se culpada por ter ajudado os gregos. Cansado de suas lamúrias, Teseu deixa-a na ilha de Naxos, onde depois ela encontra Dioniso e torna-se sua esposa.

Ariadne von Theseus verlassen, Angelica Kauffmann, prior to 1782

Contudo, o sinal pedido pelo rei Egeu foi esquecido, e o herói volta a Atenas com as velas do navio negras. Ao avistar de longe o navio regressando, Egeu fica tão desesperado que se lança ao mar do alto de um promontório, vindo a falecer. Por isso, o mar que circunda Atenas recebe o nome de mar Egeu, em homenagem ao rei.

Conclusão

Poseidon é assimilado pela cultura romana como o deus Netuno, com os mesmos atributos anteriores. Ele continua ser o Senhor da superfície e das profundezas dos Mares, um local pleno de vida e beleza, que hoje conhecemos um pouco melhor.

Em 1846 foi descoberto o planeta Netuno, e sua descoberta veio acompanhada de inúmeras manifestações, como o espiritismo de Alan Kardec, a Teosofia de Helena Blavatsky, o Manifesto Comunista de Karl Marx, que almejava a igualdade entre os homens, a psicanálise de Sigmund Freud, entre outros.

Na Astrologia Netuno passou a ser o regente do signo de Peixes e em seu trânsito sobre pontos sensíveis do mapa ele tem principalmente dois efeitos: a dissolução e re-velação. Ele dissolve tudo o que não foi concretamente construído, como naquela frase popular – água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Para não sofrermos esta ação dissolutiva devido a aspectos de Netuno, devemos sempre agir com ética, honestidade e perseverança.

O re-velar é uma dualidade deste planeta, pois a princípio ele vela algum fato, mas depois ele é revelado, ou vice-versa. É como se estivéssemos caminhando em um local com uma neblina muito forte, onde não conseguimos ver o que se passa a nossa frente, mas de repente uma brisa afasta a nevoa e se descortina uma bela paisagem.

Netuno tem como aporte terrestre a casa XII, uma parte do mapa relativa ao inconsciente coletivo, de tudo o que é misterioso e oculto, a fantasia, a espiritualidade, a caridade, a compaixão, aos sonhos, a meditação, ao silêncio, ao isolamento, a busca do nosso verdadeiro eu interior.

Caso não consigamos estabelecer contato com nosso eu interior, poderá fluir dali diversos tipos de subpersonalidades monstruosas, assim como os cavalos que Poseidon fez brotar do chão. É um local que merece e necessita ser investigado.

Por ser a última casa ela é o final de um ciclo e prepara o início de um outro que vem a ser o Ascendente, mas já em um outra dimensão, após vivenciarmos as experiencias das outras onze casas. Assim a reclusão da casa XII precede a libertação, a iluminação e o início de um novo ciclo de manifestação!

Neptune’s Horses, Walter T. Crane, 1892

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